Estamos chegando no final da primeira temporada de Lovecraft Country e Rewind 1921 foi um soco no estômago. Um dos melhores episódios e um dos mais difíceis de assistir, muito bem feito e reunindo vários aspectos que foram apresentados e trabalhados ao longo desses episódios. Eu senti falta de um elemento específico, mas no geral Rewind 1921 nos coloca em um caminho tenso para o final e também nos deixa com o coração na mão.
Com Hippolyta (Aunjanue Ellis) no comando, Leti (Jurnee Smollett), Tic (Jonathan Majors) e Montrose (Michael Kenneth Williams) viajam para Tulsa, 1921, em um esforço para salvar Dee (Jada Harris).
Esta crítica não tem spoilers na primeira parte. Quando os spoilers começarem, será avisado.
O episódio começa do ponto que o último terminou, com Dee desacordada depois de ser atacada pelas criaturas mais bizarras que existem em Lovecraft Country. Então não tem jeito, a única forma de lutar contra magia é usando magia, e os protagonistas precisam ir atrás de Christina para ver se ela pode ajudar de alguma forma, mesmo que a ajuda dela sempre venha com um preço, como Letitia já viu em primeira mão.
Senti falta de saber que rumo Ji-Ah tomou. Ela é uma personagem importante, ou foi o que a série fez parecer com todo o episódio dedicado para ela. Vimos que ela voltou para a vida de Atticus. Então onde ela está durante tudo isso? Será que simplesmente foi embora como foi pedido? É uma possibilidade, mas seria uma oportunidade perdida. Afinal, ela também mexe com o sobrenatural e podia ser uma opção mais segura de lidar do que Christina.
Mas mesmo que Ji-Ah não volte, outra personagem aparece: Hippolyta. Com seu novo conhecimento e seus novos poderes, ela pode ajudar a salvar a própria filha. É ótimo que Hippolyta agora pode ser uma pessoa que peite Christina, e qualquer fator sobrenatural, de frente. Ela conseguiu fazer a máquina do tempo funcionar e conseguiu segurar o portal por tempo o suficiente para que todo mundo pudesse ir e voltar sem nenhuma perda. E também temos a chance de ver Ruby cada vez mais seduzida por tudo que Christina tem a oferecer.
Esse episódio é um grande baque. É forte, intenso e necessário. Lovecraft Country tem cenas bem pesadas, geralmente elas têm algum motivo de estarem expostas dessa forma. Nesse caso, as personagens voltam para a tragédia que aconteceu em 1921. E nesse momento eles não só descobrem verdades escondidas, como algumas personagens precisam encarar coisas que estava evitando a tanto tempo. Tudo fica ainda pior e mais complicado considerando que, caso eles não consigam, Dee provavelmente vai morrer.
Eu gostei de como toda a questão da viagem do tempo foi lidada. Há duas formas de construir uma temática de viagem no tempo: Ações no passado que mudam diretamente o futuro, ou os eventos são impossíveis de serem alterados, porque eles já partem do pressuposto que as pessoas foram ao passado. Pense que o primeiro exemplo é Efeito Borboleta e Life is Strange, enquanto o segundo é Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban ou Game of Thrones. Agora a gente vai ter que ver quais serão as consequências desse episódio, tanto no tempo da série, quanto no psicológico das personagens.
Lovecraft Country não se esconde de apontar o racismo da tragédia de 1921, assim como a homofobia e o abuso que existem dentro de famílias que, supostamente, são seguras. Rewind 1921 é emocionante e difícil de ver, mas faz todo o sentido que esse episódio apareça dessa forma e desse jeito. Agora a série construiu toda uma expectativa e basta ver se eles vão conseguir segurar o nível de tensão para a conclusão desta temporada.
Abaixo comentários com spoilers.
Bom, então ao que tudo indica, nada que eles façam no passado muda a linha do tempo. Afinal, se fosse o caso, Atticus não conseguiria ter salvado o Montrose jovem. O que significa que, se Letitia considerar a viagem do tempo para salvar Atticus, talvez não funcione. Pode ser que o destino dele esteja selado, como o de Montrose estava em 1921, e como provavelmente é o caso de Dee, que vamos descobrir se é salva ou não só no próximo episódio.
Mas a gente sabe que existe a possibilidade de universos paralelos, porque se não Hyppolita não teria vivido por tanto tempo, nem acumulado tanta experiência. Então pode ser que, mesmo se a linha do tempo não for alterada, eles possam usar as realidades para salvar Atticus. Ou Hyppolita, que ficou mais poderosa que a maioria das personagens (se não todos) pode tentar achar um jeito de alterar a linha do tempo. Se ela disse que eles não deviam fazer nada para mudá-la e isso não faz diferença nenhuma. Então ela ainda não sabe tudo que há para saber sobre como funciona o tempo nessa situação.
O que significa que ela pode procurar em seu conhecimento uma forma de alterar tudo, talvez usando seus próprios poderes. Mas é aquilo, como vimos com Christina, magia tem um preço e costuma ser mais complicada do que a gente gostaria. Talvez Hyppolita possa até salvar todos de um fim inevitável, mas o que será que isso vai custar?