Desde 2008, com o lançamento do primeiro Homem de Ferro, nós estamos vendo o MCU ser formado, com inúmeras histórias, tanto de origem, como unindo vários personagens. Agora, 11 anos depois, Vingadores: Ultimato entrega para nós o final de uma era, com um filme de três horas que busca concluir e dar um ponto final em inúmeros assuntos.
Esta crítica não contém spoilers do filme.
Depois de Vingadores: Guerra Infinita, os heróis que sobreviveram precisam lidar com as consequências das ações de Thanos. Enquanto vemos cada um deles tentando se recuperar do trauma, a presença de Homem Formiga coloca a situação em outra perspectiva. Será que existe uma forma de ainda vencer Thanos e impedí-lo?
O filme tem três horas, mas ao contrário de outros filmes longos de super-heróis, Vingadores: Ultimato não é cansativo. Ele vai passando por todas as etapas de sua história, sem muita demora, mostrando as missões de cada personagem.
Como Vingadores: Ultimato é o final de uma era do MCU, o foco do filme, além de resolver o que começou em Guerra Infinita, é concluir também o arco de personagens dos Vingadores iniciais: Capitão América, Homem de Ferro, Viúva Negra, Thor, Hulk e Gavião Arqueiro. Portanto, eles são o foco. O filme consegue dar uma conclusão para todos eles, algumas melhores do que outras, mas nenhuma ponta fica aberta.
Um dos fatores mais impressionantes de Vingadores: Ultimato, é a capacidade do roteiro de amarrar pontas. Nós nunca vimos tantos heróis juntos em um mesmo filme, e todos eles são importantes e protagonistas de seus próprios filmes (menos alguns). Ter um elenco grande, como no primeiro filme de Vingadores, já é difícil o suficiente, mas um elenco maior ainda como em Vingadores: Ultimato é um desafio enorme, tanto do ponto de vista da história, quanto dos personagens.
Pensando em história, Vingadores: Ultimato teve cuidado para mostrar todos os personagens envolvidos, com menos ou mais destaque, mas todos apareceram. Os que precisavam ser o foco tiveram tempo de tela considerável. É uma história trabalhosa, com várias ramificações, mas a Marvel conseguiu fazer funcionar.
Quanto aos personagens, parte do que ajuda Vingadores: Ultimato é que o universo do MCU é sólido. Pode ter alguns filmes ruins, mas não podemos negar que a construção de universo tem sido feita há anos, com inúmeros filmes e pontos explorados, que permitiu que o filme final pudesse reunir todos esses elementos em um mesmo momento.
A maioria dos destinos que os personagens ganham é bom, mas alguns específicos parecem não fazer muito sentido com o personagem. Porém, independente de algumas coisas que poderiam ser diferentes, o filme acerta e mostra momentos emocionantes, felizes, divertidos e agoniantes, no bom sentido.
O fato do filme conseguir guiar as emoções do público por três horas, sem enrolações e sem cansar quem está assistindo, mostra como a construção toda de Vingadores: Ultimato foi, em sua maioria, bem realizado. Também é uma grande homenagem aos fãs da Marvel, porque em vários momentos, enquanto os personagens principais precisam lidar com seus sentimentos e seus desafios pessoais, vemos várias referências à tudo que o MCU construiu até hoje.
Um dos grandes pontos negativos é como Vingadores: Ultimato dá pouco espaço para os seus heróis que fazem parte de minorias. A maioria dos personagens negros foram mortos pelo estalo de Thanos em Guerra Infinita, então já não temos muitos em tela. Isso também vale para as mulheres. É compreensível que eles precisavam diminuir o elenco, até por questão de lidar com tantos personagens em uma história só. O problema é que, a maioria dos “vingadores originais”, que são o foco desse filme, são homens brancos dentro do padrão, tirando Viúva Negra, que é a única mulher desse primeiro grupo.
Por mais que o filme tente, em dado momento, valorizar suas personagens femininas, isso não é o suficiente porque o tempo de tela delas ainda é muito menor que o dos personagens masculinos. Sem contar que o arco delas acaba não recebendo tanta atenção, o que é uma pena. Se o MCU tiver uma nova era, com outros heróis, espero que isso seja corrigido.
Vingadores: Ultimato é um filme bem engraçado, com aquele humor da Marvel que os fãs adoram. Um dos problemas com o humor são as piadas gordofóbicas que acontecem com um personagem específico, porque o seu corpo é usado como piada ao longo do filme. Perpetuar piadas sobre corpos considerados fora do padrão é uma forma de preconceito que eles poderiam ter evitado.
Apesar de algumas questões e cuidados a mais que poderiam ter sido feitos, Vingadores: Ultimato é um filme muito bem pensado, com uma produção incrível, que faz um bom trabalho em amarrar história e personagens. A Marvel conseguiu construir um ótimo universo cinematográfico, que acompanhamos por muito tempo e finalmente temos a conclusão. Um final de saga emocionante, que nos manteve na ponta da cadeira por muito tempo no cinema.